Orgulho e arrogância
Descrição: Uma breve descrição do perigo inerente ao orgulho e arrogância e como evitá-los.
Por Aisha Stacey (© 2015 IslamReligion.com)
Publicado em 06 Jan 2020 - Última modificação em 10 Jul 2016
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Objetivos:
·Entender o significado da palavra árabe kibr e como ela se relaciona com arrogância e orgulho.
· Descobrir maneiras simples de banir o orgulho e a arrogância de nossas vidas.
Termos em árabe:
·Shaytan – Às vezes escrito Shaitan ou Shaytaan. É a palavra usada no Islam e na língua árabe para denotar o diabo ou Satanás, a personificação do mal.
·Kibr – Arrogância, orgulho, vaidade, presunção ou condescendência.
·Dunya – Este mundo, em oposição ao mundo da outra vida.
·Sahabah – A forma plural de “Sahabi”, que significa companheiros. Um sahabi, como a palavra é comumente usada hoje, é alguém que viu o Profeta Muhammad, acreditou nele e morreu como muçulmano.
·Iblis – O nome árabe de Satanás.
·Risq – Subsistência ou provisão. Todos os aspectos do sustento de uma pessoa se enquadram na definição de rizq, incluindo, mas não se limitando, a riqueza e status social.
·Du’a – Súplica, oração, pedir algo a Allah.
O primeiro ser a mostrar orgulho e arrogância foi o Shaytan ou, como é conhecido especialmente na história de Adão, Iblis. Ele estava muito orgulhoso e arrogante porque se considerava melhor, superior a Adão:
“... Então dissemos aos anjos: 'Prostrais-vos ante Adão!' E todos se prostraram, menos Lúcifer, que se recusou a ser dos prostrados. Perguntou-lhe (Deus): 'Que foi que te impediu de prostrar-te, embora to tivéssemos ordenado?' Respondeu: 'Sou superior a ele; a mim criaste do fogo, e a ele do barro.'”(Alcorão 7 : 11-12)
Esse sentimento de superioridade é a raiz de toda arrogância e orgulho excessivo. Sou melhor que você, ganho mais dinheiro, minha casa é maior, meu intelecto é superior ao seu, viajei mais que você, meus músculos são mais fortes, faço comida melhor que a sua e a lista continua... Algo que todas as coisas sobre as quais nos sentimos superiores têm em comum é que elas estão quase exclusivamente relacionadas a questões da dunya. O amor pela dunya e todas as suas armadilhas realmente nos afasta ainda mais do Paraíso. Ser ou parecer superior de acordo com os padrões da dunya pode ser muito mais um fardo do que um auxílio. O que faz a diferença é a nossa consciência de Deus; ser superior nesse aspecto é o que conta.
Você pode ganhar mais dinheiro, mas gastou para agradar a Allah? Você pode fazer refeições deliciosas, mas alimentou aos pobres? Se você responder sim e tiver orgulho de suas realizações, esse não é o orgulho nem a arrogância que se traduz na palavra árabe kibr (orgulho e arrogância prejudiciais e desnecessários). O Islam não é contra a mudança e a conquista, recompensa e incentivo a excelência e o sucesso e, portanto, motivação, desejo de recompensa e até desejo de reconhecimento não são os pecados. O pecado está em fazer coisas com uma intenção incorreta. Embora a conquista pelo bem de Allah e servir a humanidade seja a intenção correta, fazer algo para ganho próprio ou amor próprio é uma intenção incorreta. Fazer algo para beneficiar seu senso de que as necessidades e desejos do mundo de alguma forma giram em torno de você é kibr.
Kibr tem o efeito não intencional de fazer as pessoas não gostarem de você, até temerem você; tira o respeito. Além disso, e de uma consequência muito maior, isso pode lhe negar um lugar no Paraíso. O Profeta Muhammad frequentemente aconselhava os sahabah sobre a importância da humildade. Ele disse: "... Qualquer pessoa que possua metade de uma semente de mostarda de kibr em seu coração não receberá admissão no Paraíso." [1]
“Ser-lhes-á ordenado: Adentrai as portas do inferno, onde permanecereis eternamente. Que péssima é a morada dos arrogantes!”(Alcorão 39:72)
Kibr coloca nosso lugar no Paraíso em risco, porque nos impede de adquirir as qualidades de um crente. Uma pessoa orgulhosa não é capaz de querer para os outros o que quer para si mesma. Ela também não pode ser humilde ou evitar a inveja. Uma pessoa arrogante se recusa a aceitar conselhos e muitas vezes é incapaz de conter sua raiva ou ira. Um crente, no entanto, esforça-se para remover essas características de seu caráter. Ele está sempre atento ao seu comportamento.
O Profeta Muhammad disse que, no Dia do Julgamento, Allah não olhará para a pessoa que arrasta sua túnica atrás dele por orgulho. Seu confidente próximo, Abu Bakr, respondeu: “Oh, Mensageiro de Allah, um lado do meu manto relaxa e cai, mas sou muito cauteloso (ou seja, eu o levanto).” O Profeta Muhammad respondeu: “Mas você não faz isso por orgulho.” [2] Mais uma vez, podemos ver como o comportamento de orgulho, kibr, decorre da intenção.
O remédio para o kibr e a maneira de ficar longe do orgulho e da arrogância é tão simples quanto lembrar quem é: apenas um ser humano, com uma mãe e um pai como outros seres humanos. Todos choramos as mesmas lágrimas salgadas e sangramos o mesmo sangue vermelho, e todos temos o mesmo propósito na vida: adorar a Allah. Também devemos lembrar que todo rizq vem dele. Alguém pode ganhar mais dinheiro, mas foi Allah Quem lhe deu a capacidade de fazê-lo. Outra pessoa pode ser mais bonita, mas é Allah quem determinou seus genes. Quando recebemos algo que percebemos como uma bênção especial de Allah, devemos lembrar de ser gratos. Um passo adiante seria usar essa bênção para agradar a Allah e beneficiar a humanidade ou o planeta de alguma forma.
Outro remédio para kibr é lembrar de Allah; para mantê-Lo sempre na vanguarda de nossas mentes, se possível. Lembre-se de que Allah vê tudo, mesmo o que está no coração de cada pessoa. Como muçulmanos, somos abençoados com uma maneira ou sistema de lembrar. Oramos cinco vezes por dia, usamos palavras específicas de lembrança e somos encorajados a fazer du'a e lembrar de Allah com frequência. Usamos esses métodos para nos aproximar de Allah, obedecer a Seus mandamentos e agradá-Lo. Ao fazer isso, protegemos nosso próprio coração dos pecados do desejo e da ganância e dos pecados envolvidos em nos sentirmos superiores aos que estão ao nosso redor. Esta dunya é importante porque é o nosso teste final; não é uma oportunidade de estocar bens e pertences. Queremos nos sentir bem consigo mesmos porque alcançamos a consciência de Deus e não porque assumimos nosso risco e nos enganamos pensando que conseguimos alcançá-lo por conta própria. Orgulho e arrogância devem ser banidos de nossas vidas e substituídos por bondade e compaixão.
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